Habilidade culinária dos pais e a relação do consumo de alimentos pelos filhos
- Verakis & LaDEx
- 7 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de mai. de 2020
"A confiança nas habilidades culinárias dos responsáveis reduz o consumo de alimentos ultra processados pelas crianças"

CULINÁRIA E NUTRIÇÃO -
A diminuição das habilidades culinárias pode ser uma explicação para o aumento do consumo de alimentos ultra processados (formulações industriais que requerem pouca ou nenhuma preparação antes do consumo), muitas vezes associados à baixa qualidade da dieta e ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, mesmo em crianças.
Nesse contexto, Martins e colaboradores (2020) analisaram a influência da confiança em habilidades culinárias dos responsáveis sobre o consumo de alimentos ultra processados no jantar de crianças de 6 a 9 anos.
Os dados foram coletados em entrevistas telefônicas e incluiu 657 responsáveis por crianças matriculadas em escolas particulares da cidade de São Paulo. Para avaliar a confiança dos responsáveis foi utilizado o Índice de Habilidades Culinárias (IHC), que avalia em uma escala de 0 a 100 pontos a confiança na execução de habilidades relacionadas à preparação de refeições. Para descrever o consumo de ultra processados, o jantar das crianças no dia anterior às ligações foi avaliado para cálculo da contribuição desses alimentos em relação a ingestão energética total da refeição.
Como resultado, foi observado um alto índice de confiança dos responsáveis para realizar as habilidades culinárias, com média de 78,8 pontos no IHC. Altos índices também foram observados na população britânica nos anos 1990 e 2000, mas dados recentes (2017) demonstram diminuição das habilidades culinárias, como também se observou em estudantes universitários brasileiros, o que pode indicar mudanças geracionais no entendimento e na prática da culinária.
Sobre o jantar das crianças, destaca-se que aproximadamente um terço da energia total provinha de alimentos ultra processados, principalmente bebidas açucaradas e doces, e que quanto maior a confiança dos responsáveis em suas habilidades culinárias, menor foi o consumo de ultra processados pelas crianças no jantar. Assim, sentir confiança nas próprias habilidades pode facilitar: a transformação da intenção de cozinhar em cozinhar efetivamente, a escolha por alimentos mais saudáveis e a diminuição do consumo de ultra processados e fast food.
Os achados dos autores apoiam as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, que incentiva o desenvolvimento de habilidades culinárias associadas à diminuição do consumo de alimentos ultra processados como ferramentas para proteção e promoção de uma alimentação adequada e saudável.
Citação: Martins CA, Machado PP, Louzada MLC, Levy RB, Monteiro CA. Parents'
cooking skills confidence reduce children's consumption of ultra-processed
foods. Appetite. 2020 Jan;144(1):104452. https://doi.org/10.1016/j.appet.2019.
104452.
Imagem deAnna ProsekovaporPixabay
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